Fonte: Revista Teoria e Debate
Publicado em 01 de julho de 1990.
Por Lídia Goldenstein
Fazer uma avaliação do Plano Collor é, a um só tempo, muito fácil e muito difícil. Fácil porque as dificuldades do plano são óbvias: a inflação já está em dois dígitos, a economia voltou a indexar-se rapidamente, o processo de dolarização ampliou-se, a política salarial proposta é inaceitável, as promessas de reforma administrativa quase não saíram do papel, o problema do déficit público continua insolúvel, o problema cambial já é perceptível, enfim, retomamos (se é que chegamos a sair) a uma situação de extrema instabilidade da economia, com o país novamente correndo o risco de entrar em um processo hiperinflacionário. O difícil é entender o porquê do fracasso e traçar algum cenário para o futuro.
Por que o plano não deu certo? O diagnóstico era incorreto? As medidas eram ruins, ou eram insuficientes? A equipe era inexperiente? Houve boicote de alguns setores prejudicados? A “culpa” é dos trabalhadores ou dos empresários?
Poderíamos fazer aqui uma análise do plano, avaliar seu diagnóstico sobre o processo inflacionário, sua consistência interna, seus percalços de implementação. Entretanto, acredito que a discussão deva ser deslocada e o problema visto de um outro ângulo.
Planos do gênero Cruzado, Bresser, Verão e Collor são coerentes com um determinado tipo de concepção de política econômica que é resultado de uma certa compreensão do atual quadro brasileiro e do funcionamento da sociedade em geral.
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