Chamaremos de agenda da campanha ao conjunto de atividades (reuniões, comícios, corpo a corpo etc.) das quais participam todas as pessoas envolvidas na campanha e que têm por objetivo alcançar a vitória nas urnas. Portanto, a agenda da campanha agrega atividades do(a) candidato(a) majoritário ou proporcional, da coordenação, e da militância.
A agenda é um elemento extremamente importante na condução de uma campanha, pois é por sua boa organização e cumprimento que se consegue administrar o tempo, um dos recursos mais democrático (todos(as) os(as) candidatos(as) têm a mesma quantidade, a cada fase da campanha), porém o mais complexo de ser administrado.
Numa campanha eleitoral, TEMPO é o recurso mais DEMOCRÁTICO – todos(as) os(as) candidatos(as) terão o mesmo tempo de campanha. E o recurso mais ESCASSO. O tempo perdido não voltará mais.
Além disso, cada atividade traz em si o risco de desgaste e perda de votos na mesma medida em que traz a possibilidade de se conseguir ampliar a visibilidade e melhorar a imagem e as perspectivas de votação. Por isso, deve ser enfatizado que a agenda é também um instrumento para a proteção necessária para o trabalho cotidiano e a ação política do(a)candidato(a).
É preciso, portanto, firmeza na avaliação estratégica e empenho na organização para maximizar as possibilidades de sucesso nas atividades a serem realizadas. As atividades entram na agenda vindas de duas fontes diferentes – do planejamento estratégico e de demandas externas (convites, necessidades pessoais etc.).
Consideramos a parte que vem do planejamento como atividades que foram decididas durante o seminário ou reunião de planejamento (lembra-se dos prazos e responsáveis para cada ação?), como a parte pró-ativa da agenda, em que a iniciativa é da campanha e na qual se procura intervir no jogo em nosso favor.
Já as atividades que se originam de demandas externas representam a parte reativa da agenda, isto é, correspondem às jogadas dos demais atores (aliados, opositores, mídias etc.) e, por isso, é fundamental que passem por uma avaliação política crítica antes de serem incorporadas à agenda. Uma agenda bem feita deve contrabalançar sua parte pró-ativa com um espaço reativo, priorizando as ações estratégicas e tendo como referência os objetivos pretendidos.
É importante também considerar que não é apenas o(a) candidato(a) que pode representar a campanha. Dependendo da atividade, é suficiente a presença do candidato(a) a vice ou de um(a) assessor(a) claramente identificado(a) com a plataforma eleitoral e, nesses casos, é possível complementar a atuação do(a) assessor(a) com materiais que identifiquem a presença do(a) candidato(a) (texto a ser lido, gravação em vídeo com mensagem do(a) candidato(a) etc.).
Portanto, na elaboração da agenda é importante refletir sobre para quais ações de campanha é imprescindível a presença do(a)candidato(a) e aquelas nas quais é possível haver representação. Tudo isso contribui para potencializar a campanha, dando a impressão de que ela “está por toda parte”. Há também atividades que contarão, exclusivamente, com a participação da militância especialmente, quando a campanha se intensifica nas ruas, locais de trabalho etc.
O conjunto de dicas, apresentadas a seguir, foram formuladas com foco na otimização do uso do tempo e dos ganhos políticos para candidaturas majoritárias e proporcionais.
Como ponto de partida sugere-se, a partir do plano de campanha, montar um calendário geral logo no início da campanha, não perdendo de vista a sua estruturação em fases bem delimitadas. Esse calendário deve incluir também as datas importantes definidas pela legislação eleitoral como marcadores para o desenvolvimento da campanha, datas de eventos importantes na cidade (feiras, festas municipais, feriados cívicos) e datas comemorativas e feriados tradicionais do calendário anual, como dia das mães, namorados, crianças etc. Em um calendário à parte, para uso cotidiano, serão registradas as atividades para as quais o(a) candidato(a) foi convidado(a) e que foram incluídas na agenda. No princípio, esse mapa geral das ações de campanha terá muitas lacunas que serão preenchidas ao longo do tempo, com o desenrolar dos acontecimentos. O objetivo é ter uma visão da campanha como um todo, para que se possa distribuir o esforço ao longo do tempo, respeitando as diversas fases da campanha e suas particularidades.
Atenção: organizar uma agenda de campanha não é anotar uma sequência de compromissos, como uma cronologia de atividades. Existem assuntos, pedidos, eventos que são mais relevantes que outros. Portanto, a prioridade na agenda deve ser garantida para os eventos mais importantes da campanha, ou seja, aqueles relacionados ao plano estratégico.
Na reunião semanal da coordenação da campanha, o principal item de pauta é a agenda, com dois subitens:
1) avaliação da agenda da semana anterior (foi cumprida? As atividades estavam bem distribuídas? A organização das atividades estava ok? Contribuiu para alcançar os resultados pretendidos?) e
2) avaliação estratégica das atividades a serem ou não incluídas na agenda das próximas duas semanas. A agenda, por isso, é uma ferramenta dinâmica, de verificação diária e ajuste continuo.
Apenas uma pessoa deve ser a responsável por marcar/desmarcar atividades na agenda, em especial as do(a) candidato(a). Essa é uma tarefa “dolorosa” pois caberá a esta pessoa o duro dever de dizer não quando for necessário e também de decidir, no calor dos acontecimentos, sobre a manutenção ou não de uma atividade. Sugere-se que haja uma segunda pessoa, um(a) auxiliar ou secretária(o) de confiança que, em caso de ausência ou doença, esteja bem informada sobre a agenda e possa, em determinados momentos, responder por essa tarefa. Deve ser enfatizado: em nenhuma hipótese o(a)candidato(a) pessoalmente marca compromissos. Todas as atividades que envolvem a presença do(a)candidato(a) devem ser canalizadas para o(a) responsável pela agenda, que deve participar das reuniões com a coordenação de campanha, onde serão planejados e confirmados os compromissos. Após essas reuniões, a agenda deve ser distribuída em dois formatos diferentes:
1) completa – contendo todas as atividades e principais pontos discutidos na reunião (para o(a)candidato(a), coordenação e responsáveis pela organização) e
2) simplificada – contendo as atividades “públicas” (para demais militantes, apoiadores e meios de comunicação).
É fundamental que se definam os resultados pretendidos em cada período (semana, quinzena) e que as atividades sejam uma consequência disso e não o contrário.
Exemplo: A pesquisa de opinião mostra que o(a) candidato(a) está fraco(a) em determinada região do município. Um resultado pretendido pode ser “melhorar a imagem do(a) candidato(a) nessa região”. Um conjunto de atividades, declarações e propostas do(a) candidato(a) devem ser programadas para conseguir alcançar esse resultado (o que deve ser medido em nova pesquisa). As pesquisas de opinião, no nível que for possível no município, devem ser um fator determinante para orientação da movimentação dos(as) candidatos(as) majoritários. Interesses de candidaturas proporcionais sempre pressionarão a agenda da campanha majoritária. É natural que isso ocorra. A coordenação, entretanto, deverá aceitar essa pressão somente se as pesquisas e os resultados parciais pretendidos assim sinalizarem. As candidaturas proporcionais, ao contrário, é que deverão prestigiar as atividades da majoritária, especialmente as atividades de massa, como um procedimento padrão para garantir volume na campanha. Aos proporcionais, no entanto, atividades com grande volume são boas oportunidades para ampliar seu trabalho de convencimento.
Deve haver uma pessoa ou equipe claramente responsável pela organização das ações de campo.
O(a) responsável pela organização dos deslocamentos, visitas e participação em eventos deverá estar sempre atento(a) aos detalhes. Em grande medida é nos detalhes que se pode ganhar ou perder pontos perante o eleitorado. Essa pessoa vai querer conhecer tudo que for possível sobre cada evento, as pessoas que o organizam e que estarão lá, as características do local, as distâncias, o tempo aproximado que o(a) candidato(a) ficará no evento, o que se espera dele(a), telefones locais para contato, se o adversário já esteve no local, o que falou, se atacou o candidato(a) ou não, quais os órgãos de comunicação que estarão presentes, o nome dos jornalistas, para citar apenas as mais óbvias. São informações como estas que a assessoria deve fornecer ao(à) candidato(a) e que podem contribuir para o seu bom desempenho ou evitar um grande erro ou constrangimento.
Para cada atividade, o(s) responsável(eis) pela organização deve(m) verificar com antecedência uma lista de requisitos e procedimentos para que sejam evitados esquecimentos, descuidos e atropelos de última hora. Tudo que tiver que ser resolvido de forma improvisada, na hora em que acontece, tende a tomar mais tempo e pode causar situações embaraçosas.
É sempre vantajoso ter uma equipe que faça o roteiro do(a) candidato(a) imediatamente antes de ele se deslocar, para avaliar se as condições previstas estão sendo providenciadas ou não. E, no caso de não estar sendo providenciadas, poder corrigir em tempo as falhas. Nas campanhas maiores, como nas capitais de Estado e grandes cidades, uma equipe como essa está sempre antecipando em 1 dia os passos do(a)candidato(a), com o qual mantém comunicação constante.
O(a) responsável pela agenda e os(as) responsáveis pela organização de cada ação de campanha que envolva a presença do(a) candidato(a) deverão, sempre que possível, ter um plano de emergência, para aquelas situações de falha na programação.
Por exemplo, como poderá ser salva uma programação prevista para acontecer na rua em caso de chuva. Ou, se um evento previsto para durar 2 horas foi à última hora cancelado, ou exigirá na realidade apenas 15 minutos, que fazer para utilizar aquele tempo que inesperadamente sobrou. Ou ainda, o caso mais comum, se a programação do dia estiver com um atraso muito grande, como minimizar as perdas e embaraços que essas situações sempre geram.
É importante garantir tempo para que o(a) candidato(a) possa estudar temas relevantes, locais e nacionais, que estejam relacionados com a campanha.
Prever também pequenas folgas entre as atividades para que o(a) candidato(a) tenha melhores condições (físicas e emocionais) de se sair bem em todas as atividades agendadas, sem atropelar a agenda.
Organizar uma agenda geral para atividades externas, mesmo que o(a) candidato(a) não compareça a todas, que englobe o que acontece no município, à qual podem ser enviados representantes, dependendo da importância da atividade.
Em campanhas maiores, como capitais e cidades médias, colocar mais de uma pessoa para recolher a demanda, e uma para finalizar a agenda. Nesses casos, montar um quadro visualizando atividade, dia, local, responsável, importância e quem vai cobrir a atividade, afixando na parede da sede ou comitê central de campanha.
Outro elemento importante é o tempo que o(a) candidato(a) precisa usar para suas necessidades pessoais. Neste ponto é fundamental fazer uma estimativa muito realista. O tempo que precisar ser usado para atividades pessoais deve ser contado. Como exemplos, se o(a) candidato(a) tem um trabalho do qual não pode se afastar por algumas horas todos os dias, os momentos que vai estar com a família, horário para refeições, para dormir ou descansar devem ser considerados na organização da agenda.
É preciso respeitar as características de cada candidato(a): todos(as) são seres humanos, que sempre são diferentes entre si. Há aqueles(as) que dormem pouco, que precisam de mais tempo para estudar os assuntos de que irá tratar na campanha, que gostam mais de contato com a população e realização de visitas. As características de personalidade e preferências de cada candidato(a) influenciam de forma relevante a organização da agenda de campanha. Aqui será necessário sempre buscar um equilíbrio entre as orientações definidas pelo plano estratégico de campanha e estas peculiaridades pessoais dos(as) candidatos(as).
Compromisso assumido tem que ser cumprido. Se uma atividade de campanha foi confirmada e incluída na agenda, deve ser cumprida à risca.
O(a) responsável pela agenda deve tomar uma série de cuidados ao confirmar a presença do(a) candidato(a) a um evento. Se não tiver certeza, não confirmar, explicar as razões para a não confirmação ou pedir um prazo. Se for impossível, o melhor é a sinceridade, a transparência, dizer que não será possível e, eventualmente, negociar a presença de um(a) representante. Sempre que uma atividade é confirmada o cancelamento ou a ausência do(a) candidato(a) gera desgastes. Deve-se evitar marcar um compromisso e depois cancelá-Io a qualquer custo. Havendo uma razão muito forte que obrigue a coordenação de campanha a tomar esse tipo de medida, será sempre necessário negociar imediatamente uma nova data, explicar claramente os motivos e criar condições para que o(a) coordenador(a) de campanha pessoalmente entre em contato com a organização da atividade, buscando reconstruir os compromissos, amenizar o desgaste e agradecer pelo esforço realizado.
Garantir a continuidade das atividades realizadas, isto é, que sejam colocadas em marcha as iniciativas para que as pessoas com quem foi feito contato possam efetivamente se integrar à campanha: inclusão de nomes nas listas de mala-direta, envio de material, contatos periódicos etc. Em especial, utilizar para esta finalidade e sempre que possível, os meios eletrônicos atualmente disponíveis (e-mail, página da Internet, aplicativos etc.).
1. Situação pessoal do(a) candidato(a) – é necessário no início da campanha cuidar de todos os aspectos da vida pessoal, familiar e financeira do candidato(a), liberando, na medida do possível, para uma dedicação integral à campanha;
2. Agenda do(a) candidato(a) – ele(a) deve ir aos compromissos prioritários, estratégicos, e a cada atividade realizada, é fundamental assumir compromissos pertinentes e gerar espaço de boa qualidade nos meios de comunicação;
3. Comunicação – TV, rádio, Internet e material impresso de boa qualidade são fundamentais nas grandes e nas pequenas cidades. Buscar formar opinião por meio da comunicação de massa e atingir o eleitorado diretamente;
4. Mobilização – colocar a militância em movimento organizado e sincronizado, batendo o mesmo “tambor”, amplificando a mensagem do(a) candidato(a).