Querida Mundinha e companheiras.
Para nós que acreditamos na força da organização, da formação e das lutas populares, seja através das ferramentas, sindicais, dos movimentos populares ou dos partidos políticos, quando vivemos dias imensos como o de ontem, nos abastecemos de uma energia impar.
A energia da resistência histórica do nosso povo. Mas, quando essa resistência vem da carne, dos ossos, da pele queimada dos corpos de nossas mulheres trabalhadoras, do Brasil profundo, então sentimos a conexão da continuidade da luta profunda pela vida, que vem de nossas antepassadas, dos nossos povos originários, de nossas irmãs escravizadas, de todas as que vieram antes de nós e não se curvaram.
Por elas, por seus legados, por suas sementes que brotam em nós, seguimos com honra essa longa Marcha de resistência e de semeaduras de outras formas de vida, em nosso país onde brotam águas, terras, florestas, alimentos e gentes livres.
Livres dos agrotóxicos e das opressões, livres dos latifúndios e das explorações, livres das monoculturas e das dominações.
Com honra, somos arado e sementes, com inteligência protegemos em nossas saias e cabelos as poções e as sementes e por onde passamos aramos, cuidamos e plantamos, ainda que em solos compactados pelo capitalismo patriarcal, racista, colonial, velho e decadente.
Semeamos as sementes de Margaridas que descompactam e abrem fendas na terra dura e seca, para assim poder penetrar águas e nutrientes, criando as condições nutritivas para que uma Nova Primavera possa explodir em todo o seu vigor de renovações e belezas.
Viva uma Nova Primavera cheia de Margaridas!
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